Ontem choveu!
A terra saciada agradeceu
Hoje não ha sol; triste!
O dia sisudo insiste.
Meus olhos acompanharam
Toda a tristeza e, choraram
Trouxe a melancolia, lembranças
Dias felizes quando criança.
Ontem não cantei, não sorri
Não havia a palavra e, sorvi
O poema com toda intensidade
Um passarinho pousou
Num galho daquela árvore
Olhava em seu redor
Chilreando e debicando
Entre folhagens de cor
Ouviu um leve ranger
Começou a perceber
A fragilidade do ramo
A confiança inata
Nas asas de que era dono
Ofuscava-lhe o medo
Cruzava-se com a coragem
Passando assim a mensagem
Que dependendo do sítio
Ou do meio envolvente
O poder de levantar
Parte de dentro da gente.
Emília Lamas
contradigo as melífluas paisagens dos homens quando leio nos seus semblantes as marcas duma vida inconsequente e estéril; e quando isolo os seus tristes anseios do lugar onde jazem os seus excessos deploráveis.
Nosso amor foi passageiro
Um sopro apenas vivido
Que pena meu querido
Foi como o vento rasteiro.
Levando nossos dias felizes
Nosso beijo
Todo carinho e o ensejo
Jardim de flores e suas matizes.
Nereide
O pintor.
O artista que, delicadamente, foi dando forma, sentido e cor às suas obras.
Após um bom número de telas Escolhe as melhores entre elas E cria uma exposição.
Abre as portas ao público
E cheio de emoção, aguarda a opinião de cada apreciador.
Surge felicitação e depreciação.
Assim é a exposição.
As felicitações que vou recebendo
Vou eternizando com alegria.
As depreciações que surgirem
Vou guardá-las no anexo dos fundos
E com elas fazer poesia.
Emilia Lamas
Se o sol se apagasse
Cada vez que somos
incompreendidos, viveríamos
numa escuridão intermitente.