Quando fui chuva...

para a Carla
 
Quando fui chuva alaguei a derme dos teus murmúrios
Tão enamorados, tão translúcidos e quase asfixiados
Umedeci o palato ao tempo com beijos serenos e afortunados
 
Quando fui chuva encharquei a terra com mil gotas de um
Afago deambulando com cortesia pelo manto das preces ostensivas
Além onde jaz de joelhos aquela luminescência cerimoniosa e definitiva
 
Quando fui chuva deixei coar nos céus um liquidificante eco arrogante

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