Lâmina floral

Ao som lírico d'um velho bardo
Desfilais por vossa maravilha,
Mi mui amada Senhor.

S'em vós enchentes sorri de prado
Digno de tais reachos d'olhos fervilha
Mi mui amada Senhor.

Mas ai! que logro ua fiada em tudo
Que dói, m'ei de rogar a partir a ilha
Mi mui amada Senhor.

Nem lagarto o fea quebrarom mi escudo
D'amores que nom senti nem por filha.
Mi mui amada Senhor.

Vosso mui belo rosto é meo amuleto amado
P'ra males calar e viver p'la armadilha
Mi mui amada Senhor.

um firmamento interior

julgo que as preces só beneficiam aqueles que se norteiam pela sua desrazão; aqueles que transitam pelas ruelas da vida para satisfazerem a sua luxúria; aqueles que pretendem recompor o seu fado através da graça divina; aqueles que vegetam no esterco onde demonstram a sua intrínseca perversidade.

um firmamento interior

finco os pés na natureza tribal dos homens para depois convergir para onde a vida tem mais sabor porque emerge de angústias ultrapassadas; porque se desenrola sob um desvelo esperançoso que transforma os meus receios em legítimas aspirações; porque busca um horizonte onde abunde a liberdade.

um firmamento interior

distancio-me das brigas mundanas para esbater as angústias através da poesia: até ao final duma proeza que subsiste enredada nas minhas ambições; até ao clímax dos projetos inscritos na esfera da minha existência; até ao ressurgir dum sol opresso por muitos anos de servidão.

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