o orifício da morte
Autor: António Tê Santos on Wednesday, 17 December 2025galgo as janelas do tempo para aplacar os vendavais por que passei; os sintomas dolorosos da minha agonia; os cardos que plantaram na fonte dos meus desejos; a rispidez da minha educação; o tédio que ressenti.
o orifício da morte
Autor: António Tê Santos on Wednesday, 17 December 2025tive urgência num acerto de contas com o mundo para poder finalmente sorrir; para transformar o meu sofrimento em pétalas fluorescentes que encobrissem os rigores da vida e os seus múltiplos dilemas; a imutabilidade dos seus dogmas.
o orifício da morte
Autor: António Tê Santos on Wednesday, 17 December 2025a poesia manifesta a revolta dos seus autores quando trespassa o mundo envolvente para sublinhar a nossa triste condição; os açoites com que se mimoseiam as nossas experiências jubilosas; os nossos atos de relutância; os oásis que inventamos para podermos subsistir.
o orifício da morte
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 16 December 2025na minha lembrança há razões por decifrar enegrecidas pelo tempo; pelos meus sonhos naufragados que me feriram profundamente; pelas farpas cravadas pelos meus inimigos que me transtornaram o juízo; pela álgida estrutura que me torneou e que ressequiu a minha sensibilidade.
o orifício da morte
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 16 December 2025o freio que oprime os homens contém preconceitos amargurados que engrenam nos seus sentimentos: no seu vagabundear pelas ruelas do amor e nas palavras triviais a ele conectadas; nos desgostos e nos rancores da sua imaturidade.
o orifício da morte
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 16 December 2025os farrapos da vida reúnem-se onde a liberdade germina; onde as vagas da sublevação norteiam os projetos humanos; onde o medo se dilui em arrojadas aventuras quixotescas; onde o porvir se insinua para malograr a dominante nostalgia.
o orifício da morte
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 16 December 2025aceito os conselhos dos sábios que ingressam na minha vida para varrerem a tristeza; para arrasarem o cárcere onde me querem dispor; para recrudescerem o fluxo da minha preciosa liberdade; para salvaguardarem os meus argumentos poéticos.
o orifício da morte
Autor: António Tê Santos on Monday, 15 December 2025a ideologia mais bela é um hino a uma austera liberdade que se enreda em mim: as agressões quotidianas pressionam-me a desprezar os seus juízos mas eu obstino-me nas benesses que se projetam do seu generoso idealismo; na perspicácia da sua imensa retidão.
o orifício da morte
Autor: António Tê Santos on Monday, 15 December 2025regresso à candura da infância para desdizer o mundo que me envolve: as promessas que verte num copo gelado, numa tigela quebrada pelo ressentimento da multidão, num deserto que suscita o infortúnio moral.
