Karma
Autor: Rute Iria on Saturday, 22 March 2025
radicou o meu fado nas digressões que efetuei para olvidar a solidão; nos ferimentos que sofri quando transportei para os instintos as minhas aspirações; nos meus exacerbados sobressaltos.
julgo as minhas proezas com aparente isenção quando reflito no meu destino; nos conselhos que escutei para mitigar as minhas atuações extravagantes; nas minhas impertinências e nos meus receios pungentes; nas próteses oriundas das minhas leviandades.
intento moderar o desamor que carrego na alma galgando os obstáculos das minhas precisões; exibindo um caráter sereno que potencie a minha alegria; que me faça olvidar as querelas antigas; que compreenda os enigmas da vida.
as minhas lucubrações derivam dos itinerários escabrosos que percorri; das náuseas que experimentei quando absorvi as minhas vivências mundanas; dos lugares insalubres onde perseverei; dos insultos que recebi.
apenas um instante isto é entre eu e vc
podemos beber a tudo isto
vozes nos cantos da sala
um blues em miltons
esperando ficarmos bebo
o gosto se espalha meu corpo teu corpo de menina
procuro por vc
insisto em querer
nada me faz te esquecer
posso ao menos vê-la nua
sei que esta difícil
encontramos ruas vazias em direção a rua Augusta
esquina com Fernando Albuquerque
aonde estão velhos sorrisos e olhos negros
perfume barato por apenas alguns centavos
não esta caro
enjeito a vida que se prolonga pelos ramais da monotonia para atropelar os meus devaneios; a minha benevolência e a minha sensibilidade; as minhas demonstrações de alegria; o vigor que pretendo erguer até ao cume da redenção.