fora da gente mora:

-as estrelas

-as galáxias

e o infinito também

dentro da gente mora:

algo além

e a gente também

a crença manipula os fiéis quando lhes transfere recados sombrios através dos seus púlpitos sagrados para que o temor neles se instale: nos seus costumes incoerentes; nos seus desempenhos irracionais.

desejaria esculpir a pureza no rosto das pessoas: ver as suas mágoas curadas pela ventura que advém da abnegação; de munirem a sua vida com um saber duradoiro que transporte consigo a autêntica liberdade.

a agressão sobrepõe-se à ternura num mundo onde não se enxerga uma vida jubilosa: que sane as nossas angústias no descampado onde nos movemos; onde possamos usufruir dos efeitos benignos da nossa genuinidade.

investigo os lugares por onde circulei para justificar a minha temperança vigente; para contradizer os meus temores infundados e as minhas dolorosas crispações; para instituir a minha vida num oásis fascinante.

recupero o sofrimento para vislumbrar o zénite da minha afirmação poética; para reviver os ultrajes que subsistiram nos lugares distantes que percorri; para transmitir aos leitores as minhas alvoroçadas rebeliões.

as emoções do poeta arrastam consigo premissas duráveis oriundas da sua inspiração: elas ingressam num palácio deslumbrante onde aprofundam a virtude; onde as suas metáforas rebentam o gradeado dos preconceitos falidos.

oiço a turba suplicar pelo aconchego dum líder que lhe transmita palestras risonhas; que penetrem na sua índole ultrajada por tantas mentiras chocantes; pelos malefícios daqueles que não têm pudor.