Apenas vivo.
Estou num caminho incessante,
atribulado,
confuso
e necessitado da auto-destruição
mutilação contínua de tudo o que está dentro de mim
Não vejo nada, nem quero ver.
Quero estar.
Quero ser.
Viver.
Pelo menos enquanto dá.
Um dia acaba por ser tarde,
e o que fazemos nós?
Encostamos a um canto e lamentamos
Mas eu não quero lamentar
Nem pelo que fiz
Nem pelo que deixei por fazer.
Então apenas vivo.
Só dessa maneira posso envelhecer.
De outra maneira,
matem-me já.
Se é que aos poucos já me mato.
Sinto que não há muito que fazer nesta vida,
depois de haver certeza que já está tudo feito.
Não há muito para dar,
quando já demos tudo.
Basicamente é isso,
chega um dia em que acordamos e já cansa viver
e desculpem este egoísmo,
há quem o queira fazer e não pode,
mas para que acordar para a vida
quando a vida vai morrendo para nós?
Crescemos,
mudamos,
aprendemos,
E quando damos por nós,
já pouco existe a fazer;
uns quantos livros por ler
umas quantas mágoas por ter,
e uma grande dor de cabeça,
a morte à porta.