Aqui e Além no Porto dos Pirimeus
Para onde vão? Que procurais no tempo?
Se os rios correm para o mar
digam-me! Que forças são essas?
Da terra a estremecer, da terra a estoirar,
quando chegas
trazendo a ira de Deus
das tempestades colhidas e sofridas
que espalhas
por essas bandas
onde passas
quando ficas, mergulhando,
num mar
que já ceifou vidas
Que histórias são essas,
as que trazes,
de elencos e relatos
de corpos vazios
despidos de si mesmos, armados, sem escolha
boiam na intempérie
não têm uma razão
e nas margens do meu ser
assisto
a um espetáculo sem luzes
sem princípio nem fim
fico despido de mim,
pensando
ao virar mais uma página
aqui nesta baía
de piratas à deriva
nos limites da linha horizontal
Já só oiço vozes! Já só vejo vidas a fugir!
Acordem! Acordem! Enquanto há tempo
Pobres coitados, pobres mortais,
que foi feito deles? Quem foi que os deixou ali?
Que foi feita da sorte do comum dos mortais?
Até que a sorte proteja os audazes!
Que trazem eles?
Derramando no rosto
as suas lágrimas
por quem lá deixaram
Que trazem eles?
Carregando nas costas
a miséria que os grassa
o sofrimento fatídico
deixaram-se ir
descansem, descansem
Poeta Dos Tempos Modernos