Belas Artes
As setes verdades de uma boa nação
Pedaços refectivos, feito ambrosia
A história consome com pressa amoralidade
Autofagia tua própria cultura, à desordem
do capital, Ourobouros do eterno finito.
A Ordu Natura: Apolo assassinado por espírito
Entrópico, teu canalizador, Dionísio, o rejeita
Já não podeis contemplar o virtuoso sublime,
Hei de apodrecer sem enxergar o belo.
Hino às musas, como de costume a teurgia de uma noite
Filosofia de um passado, os acordes perfeitos no casamento
Em canto certeiro: o orgasmo do Ser ao Absoluto
Experiência sem narrador, a expressão não dita, mas berrante.
Do primeiro ato as formas organizadas no sensível sujeito
Fenece a deusa morte, e eclode a maravilhosa vida.
Lágrimas de eco decai a força vital de meu âmago.
Fandango cósmico imitamos sua natureza,
Sua alegria é velejar a natureza linda dos astros no movimento
Não somos distintos, a graça da forma é bailar sob os acordes
De uma música de frenesi opulento.
Aos povos com batuques aos iniciados nos hindus
Deleita-vos nas células turbulentas em movimento, a cada
atualizada nossa vitória perante a decadência, vive.
Jazigo de cor preta é meu desejo enquanto permaneço…
Com pincel ao castelo ou ao próprio instrumento,
Os deuses pressionam nossos dedos contra a poderosa tela,
Como uma mãe tentando dar algum ensinamento a pobre prole.
Intuição pura faz da impressão do sensível ao metafísico, balsa
Até o pior nefasto dos homens
Nem mesmo Nero Germanicus é capaz de negar a grandiosidade
De um retrato, seja do próprio corpo, seja da própria sombra.
Ao singelo solver de mistérios, a tinta intenta o oculto autor.
Nada mais importa, uma pena vossos corações pulsarem assim.
Homenagem, ego, soberania: os deuses precisam disso,
Vós sois abençoados por terem vida, os animais, o maldizer.
Mármore quebrado em formas é necromancia feita aos olhos,
Pega o herói de Homero e o transforma em perene matéria.
A vida ganhando perfeição, três dimensões como a tríade sagaz
De um triângulo imóvel
Rigoroso, mas delicado, perfeito, mas quebrável.
Ainda há néctar para se embriagar ao nascer do maldito sol?
Conforto vós necessitais, como os deuses vivem de histórias,
Precisais de abrigo, então temos nossas moradas.
Mais que isso, um signo unânime em mitologias.
Havendo formas, há designo.
O homem é soberbo perante ao seu horizonte, viveu construindo
Seus castelos simbólicos pelo mundo, como poder e virtude,
Para no fim tentar entender a dimensão do espaço no cotidiano.
Existe virtude e honra em simbolizar seu trono.
Sacrilégio da alma, a penúria mais pobre de meu ser!
O homem necessita de contos, não só para fugir da melancolia
Mas para sobrepujar a história de um povo.
O desenho contornando o mito aos fatos concretos na vida.
A metafísica vive nos escritos, pois, de fantasia e Deus vive o ser
Trilhas de Lusíadas a Fausto sendo elucubrado por Mefistófeles
A árvore da vida é regada pelas folhas de um livro, como se água
Fora Artemísia dela mesma.
Se onisciente assim fosse, por que deixaste que a amálgama da vida (arte) sumisse?
O espaço é insuficiente, a forma também, o sentimento é estranho…
Versos matam ou não uma legião, a ideia do movimento contínuo,
Para entender o sentimento, a cor, a ideia e a destruição, precisou-se
Regurgitá-la do instinto humano.
Os cinco sentidos são penetrados pelos deuses nesta forma.
As retinas chorosas ou risonhas, relativo ao ideal do autor.
Perfeição ideológica, a heresia, pois dessa arte o autor tem onipotência
De manipular como quiser os sentimentos da plateia, feito Deus.