Carcaça (BalaDona)
Imagino-me contigo,
E imagino-me sem ti.
Senti que não me sentia bem,
Porque sabia, profunda e tristemente,
Que tal não se experienciaria.
Vivenciei-me sem ti,
E contigo bem distante.
Anseio ler Pessoa,
E ter-te como uma pessoa que lê comigo.
Dás-me sentimento bom,
E infelizmente duradouro.
Nunca me livrarei de ti,
Nem da minha escassa memória de teu suspiro.
A minha dor é física e congruente.
Minha benção é ter-te olhado,
Mas minha maldição é a tua existência.
Tal não aconteceria se eu também não existisse.
Foi contigo que comecei a gostar de “Primavera”,
E foi por causa tua que 'melancolio' tanto.
Deste-me inteligência e burrice,
Por te continuar a amar, mas por te ter conhecido.
És-me carcaça podre no cérebro,
Que vai apodrecendo a cada pessoa que conheço,
E despedaçando quando me mais velha torno.
Tu tornas-te proporcionalmente velho,
Mas não tão velho como minhas memórias tuas.