Como se todos os poetas (não) fossem loucos!

Essa avenida

Perdida

Escondida

Na cidade

Lugar dos poetas

Solitários patetas

que ainda se preocupam em sentir

Mas se pudessem

Não sentiam

Não existiam

Respiravam

Mas nem viviam

Só viam

E mesmo o olhar

Tem dias que mata

Então ouviam

E mesmo o ouvir

Tem dias que sangra

Nessa rua

Escura

Tão nua

despida pela amargura

de mais um poeta louco

palerma rouco

que grita

para que ninguém o ouça

Quer sentir

Fugir

Ser feliz

E sorrir

Mas a vida diz para ele ir

Então ele vai

Desce a rua e desaparece

Só mais um poeta louco

Que nunca ninguém quis saber

Uns dizem que virou estrela

Outros dizem que virou pó

Seja como for

Nesse lugar

Longe de amar

Impossível de sonhar

de chamar lar, 

Ainda me lembro de ver o poeta passar. 

A cantarolar

A vaguear

E lembro-me, 

não é preciso haver ondas, 

para existir o mar!

Dizia ele, 

Como se todos os poetas (não) fossem loucos,

Para eu poder acreditar. 

Mas sei lá.

 

 
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