Da Carne sem espírito
Vezes há em que a carne se endurece numa reação de autodefesa diante de algo que faz crer ser ameaça à segurança da redoma em que está encerrada.
Cria espinhos, a hispidez a torna insensível, quase impiedosa com si mesmo, perdendo a brandura que deveria lhe conferir o Espírito. Nessa insensibilidade a criatura sem alma transformada em fortaleza resiste e na ausência do Espírito que deveria conferir-se a sensibilidade acaba deturpando e pervertendo o significado de tudo. Apresenta desculpas para não ver, desculpa para não ouvir. Nesse estado beirando ao mórbido, o pensamento lógico substituído pelos medos do significado das palavras que usa para traduzir sentimentos. Se dotado do Espírito planaria sobre a curvatura da abóboda celeste, tangenciando a paredes de fogo dos limites do espaço infinito.
02012016