Da construção do ser
No espaço de tempo que passa entre dois segundos tanto se passa, é a relatividade do ser que faz vibrar as ondas do pensamento. No momento em que o olhar fita a estrela também as asas voam, o pássaro acorda. É irresistível esta vontade de partir sempre, sem destino algum. Como se a força motriz que move a cintura da terra viesse em nosso auxílio. É breve e perene o tempo, quando de tempo não se quer ouvir falar, o tempo essa invenção humana não quer saber das forças mortais e impele-nos para esse abismo mesmo sem nos aperceber-nos. Urge dar aos outros pedaços de nós enquanto há vida, entrarmos nas massas pluriformes e fazermos a diferença, porque é essa diferença que fica quando as partes corpóreas que compõem o nosso ser desaparecerem. Entre o sono e o sonho fica a memória de momentos vividos no colorido da paz que reina no bater do coração. Jamais esse inquilino se abstém de bater, apressado ou ritmado em cadências suaves, quando a vida se nos afigura tranquila. E a tranquilidade apenas poderá vir das boas memórias e da interação com os outros, quando tudo se afigura dialogante. O diálogo e não a discussão, são importantes para a construção do nosso ser, a programação neuro-linguística, ou dialética dos tempos modernos, é fundamental para que os caminhos se façam em paz. A guerra em nome de um ser feito Deus, que apenas existe como representação mental, é uma incoerência em si, porque Deus é menino e uma criança jamais quer a guerra. É limitativo pensar que apenas poderemos ser, sem sermos relacionais, porque é na relação do tempo e do espaço partilhado que se constroem sentimentos. Esses sentimentos que perduram para todo o sempre, agora que a física quântica é uma realidade, todos sabemos que as dimensões do tempo e do espaço vão muito mais além do nosso corpo. Basta abrir os olhos da mente para perceber que há admiráveis mundos novos, que se afiguram em nosso redor. E são tão belos, ou até mais, do que aqueles produzidos pelo olhar que é redutor, quando apenas abarca o que vê. É muito fácil meditar e alcançar mundos, formas, cores, padrões diferentes do tangível. Não é preciso sair do mesmo sítio para viajar, basta fechar os olhos e sentir o pulsar da vida.