DUETO - SAGRES - João Murty / Joana Aguilar

DUETO: João Murty/Joana Aguilar

SAGRES

Nesta terra diferente de mar profundo, onde os mitos outrora foram vencidos.
Declamo este poema, a este povo coberto pelo rumor e pelo sal do seu mar.
Circundado por escarpas e ventos fortes, que sopram em todos os sentidos.
Sigo na saga de rumos desconhecidos, inspirado na magia intemporal deste ar.

Em baixo. Fome revolta, vagas cruéis lançadas por esses mares da desventura.
Sons alados, ecos de barcos naufragados, sepulturas que jazem no fundo do mar
Em cima. Astrolábios, compassos, cartas, velas, caravelas, mareantes, aventura.
Escola, alquimia, Infante, rosa-dos-ventos, instrumentos rodopiando sem parar.

Esta terra diferente tem mais cor, feita de tinta de mil sonhos e de ansiedade.
Que deram visões de novos mundos, construídos na mentira e na verdade.
Em temas líricos, escritos por monges poetas que te honraram e declamaram.

Na ponta do Cabo de S. Vicente, nesses rochedos que se erguem ao universo.
Colho na mão a tinta desse misticismo, que se esvai nas letras deste meu verso.
Poema de agora, bebe e sente essa aura de outrora, a quem os poetas sublimaram.

João Murty
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Sagres onde o vento se faz ouvir, num bruar infernal
Circundado por esse mar fundo, a coragem ousou
Vencer os mitos, pela grei e fé na Virgem maternal
Castrando ecos de vozes que o pensamento criou.

Ladeado por escarpas no árido escolho ermo do mar
O Cabo de S. Vicente se ergue, em granito gigante
A sua face intemporal, imóvel austera e dominante
É escola, compasso, rumos, viagens que irão despontar

Destas pedras donde o misticismo de Henrique Infante
Traçou sonhos, ganhou mundos, marcou estrelas no ar
Fixou o céu crepuscular e o inferno no espirito de Dante.

Lançou caravelas que velejaram nos mares da desventura,
Inspirados na magia intemporal e na arte de bem navegar
Engoliram Adamastor, dando inicio á grande aventura.

Joana Aguilar

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Comentários

BONITO O DUETO!

ABRAÇOS!