Ela e a sombra

 
 
A figura no espelho, nebulosa,
Sombra leve, imensamente sombria
Carregando ilusão, nervosa,
Farta de se ver assim; sombra fria.
 
Ela sabia que se via apenas no passado...
Os olhos iludidos, no espelho mergulhando
Recresciam num olhar alucinado
Na sombra triste que ria soluçando.
 
Ela e a sombra estendiam os braços,
Tentavam tocar as pontas dos dedos
Mas na diferença do tempo, cresciam espaços,
Espaços negros cobertos de segredos.
 
O olhar crescia em direcção ao espelho
Tentando ver o presente na imagem fria
Mas o reflexo trazia aquele olhar velho
Da sombra do nada, que nada dizia.
 
Num instante, ela decidiu renascer
E vida à sombra foi concedida;
Aquele olhar velho passou a ver...
Passou a viver, a sombra abatida.
 
Fernanda R. Mesquita
 
 
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Comentários

Este poema é estrondoso! Senti-me dentro do poema, porque senti na alma o que ele dizia. Contudo, cada pessoa interpreta-o à sua maneira. Há uma dor que só os poetas sentem. Cada arte sente a dor de forma diferente, penso eu... Obrigada por esta maravilha. Abraço!
João Murty

Desculpe por so agora responder ao seu comentário mas so agora o vi. Muito obrigado João! Muitas força e que continuemos a ler por aqui! 

Lindo poema!

Parabéns por esta maravilhosa arte na escrita!!!

Madalena desculpe tambem  pos apenas agora eu responder ao seu comentario. Realmente o tempo nao chega para tudo e por vezes escapa-nos a atençao que os outros nos dao. Muitas felicidades!

Obrigada! Em qualquer tempo uma atenção, é sempre bem vinda!

Abraços!!!