EMUDECENDO

Preciso ouvir das aves o canto
Em um canto, onde eu encontre a paz;
Meditar em meio à mata,
O que me mata é o tempo fugaz.

Antes que se esgote a natureza
P`ra minha natureza alegrar,
Preciso sentir o vento chão
Que o chão de folha vai tapetar.

Meus olhares famintos verão
Do verão para sempre o vazio?
Não mais terei o som que me aqueda
O som da queda d`água no rio?

Meu temor é que a ganância leve
A nota leve que se ouve cedo;
Como se houvesse, quando eu acordo,
Um doce acordo entre o passaredo.

Seguir a ver no triste presente
Este presente que criou Deus
De bosques, campos, o azul que luz
Perder a luz em um mudo adeus!

ALEXANDRE CAMPANHOLA

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