GARIMPEIRO DAS MADRUGADAS

Sinto-me moleque a garimpar ilusões,

A travestir-me de Dom Juan e caçoar raparigas,

Plenamente indiferente ao ribombar das intrigas

E mercenário das palavras que entortam corações.

 

Vejo-me caduco ao recordar tais intrujices

Que fizeram de mim mancebo de mil faces,

Usei a inteligência como símbolo dos disfarces

Que interpretei cabalmente em minha meninice.

 

Os anos deixaram no tempo dissabores profundos

E ainda me rio ao lembrar que fui o vagabundo,

Estertor das madrugadas e lampião das donzelas...

 

Tudo se renova... Hoje outros fazem o papel

Que trilhei pelas noites como adubo de bordel

A destilar peçonha malvada às moças tagarelas!

 

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