HARMONIA CELESTE

Vem de ti, quando erras pelo areal
A longe teu palácio de cristal
Olhando, toda a candura infinita,
O orvalho que dos olhos do eremita
Fulgura numa manhã radiante.
E, como se isso não fosse o bastante,
Vem de ti as alvas pombas do céu,
Dos campos lautos o fagueiro mel,
Os anjinhos que brincam no ribeiro;
O teu olhar casto é um celeiro,
Onde se encontra da vida o tesoiro,
Onde resplendem os sonhos vindoiros.
Teu perfume na corbelha de flores
Causa no seio intensos amores.
O mundo nas águas alabastrinas,
Beija a chama das tardes purpurinas
E aos teus pés de cetim fica curvado.
É tão fascinante o berço dourado
Nessas lapas clementes o sacrário
Sob a lua o cântico portuário,
Uma viola a alvorada evocando,
Cindindo as relvas o vento soprando.
Vem... Vem de ti a chuva na paragem
E a gota que reflete tua imagem.

ALEXANDRE CAMPANHOLA 05/01/2003

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