Impiedosa esperança

Sempre esta insana insatisfação, brotando do meu ser

Porquê voar se posso andar, desenha a minha alma

E os céus por mim reclamam,

Os meus pesados passos mastigam a terra que piso

E de dor pintalgam esta estrada,

Percorrida sem pudor, de nunca me encontrar

Tendo em mim a vida acalentado,

Num profundo grito me abraçando

E teimosamente as minhas asas reclamam

Esfumando de ansiedade,

Querem partir para em mim me buscar

E sempre à espera de me encontrar.

Desconheço se neste singelo planeta

Que estonteamente transborda, de imaculada beleza luz

Se no imenso universo que tudo abraça

Ou somente dentro de mim

Que desesperadamente procuro,

E comigo de mãos dadas, sem nunca me encontrar

Toco infinitamente este ser que em mim habita

Nunca conseguindo o seu olhar tocar,

E sempre na desnudada esperança de me encontrar.

 

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