Intermitências de Março

INTERMITÊNCIAS DE MARÇO

Pela vidraça, imperceptíveis sons de rua
Amornam o sol de março que atravessa a minha desolação…
E há lugar a intermitências amarelas tatuadas na parede nua…

A cal do meu cativeiro aninha-se ao colo de Mozart…

Lá longe, o mar traduz a desesperança de um povo solitário
Em batidas de maré menor.

E na luz tremente de um dia aspirado
Fluem ásperos anseios a coroar nuvens
Silêncios de dor
Ao entardecer…

Gradeada e presa às cordas severas dos violinos
A tristeza toca fundo…
Em desordenados gritos d’ alma rilham-se solilóquios
De mais um dia a morrer…em acordes sibilinos.

O fantasma do compositor segreda-me a 5ª de Beethoven…

A morbidez do mundo força a vidraça
No som e na brisa, renova-se a contradição
Que adentra na melodia sugerindo a mudança
Perpétuos impropérios afagam palavras guardadas

Em cada bramido reproduzem-se vazios intemporais…

Agora, é Chopin, por sobre as teclas da minha inquietação…
Traz com ele a noite.
Seguro as rédeas da esperança…

Género: 

Comentários

Tive alguma dificuldade em aceder ao concurso. Talvez se fosse mais simplificado tivesse sido mais eficaz...

Gostei! A tristeza causa momentos assim... grandes, profundos mas náo infelizes.

Sim, claro!

Tristeza pelas notícias que grassam o planeta, pelos comportamentos políticos e sociais, aálogos à condição humana, pela falta de saúde e estado vegetativo de um membro familiar (mãe)...Opa!  Escrever é a minha terapia...

Obrigada pelo gosto e pala mensagem!

Um beijinho

PS: Será que o poema foi aceite a concurso?

 

Perdão!

Quis dizer, "comportamentos análogos"

onde a esperança habita,

o desespero não consegue entrar. 

- e a vida conti_nua reVestida de Amor.

 

Saudações!

 

__Abílio

Obrigada pelo lindo comentário!
Poesia, é isso mesmo, até nos comentários!
Saudações poéticas!