Meu Rapaz, Meu Companheiro
Menino, meu rapaz, meu companheiro,
em cada foto minha
revejo-te sempre em mim
quando o passado é a voz rouca
e o futuro traz saudade
e além, naquela mesa velha,
vem senta-te aí
são as ervas e os licores
que nos haverão de aquecer
antes que a fogueira se apague
vem
há mil e uma histórias para contar
das mil e uma noites de ternuras
passa que passarei onde sei viver
e eu ainda não sei todas
Quem souber, saio agora,
sigo sem rumo pelo trilho do sol
acompanho o brilho da lua nova
a quem vier que venha
sigo por aquela ponte além
vou para lá daquela margem
estende-se pela linha do horizonte
cruza vales e montanhas,
são os dias sem ninguém
sopram ventos de bonança
Menino, meu rapaz,
ensina-me a dançar
perdi-me nos passos
Menino, meu rapaz, meu companheiro,
tomemos um copo aqui neste bar
para lá daquele velho casario
a estação e o cais,
tu que me acompanhas
ensina-me a dançar
quero voltar onde me perdi
não sinto nada, meu rapaz,
apanharei este comboio antes que parte
logo que embarcar
não deixes que o barco encalhe
Ah! Meu rapaz!
Eu tenho o dom
de uma perversa inocência
que tudo ilumina este silêncio
não ignores quem adormeceu
debaixo daquela ponte,
os que lá ficaram estão cansados
perderam batalhas
porque tudo é vaidade neste mundo em vão
Vamos, vamos acordá-los,
temos um comboio para apanhar,
um barco que vai para o além
e que parte de um cais
que cheira a jornais e morangos
Meu rapaz, meu bom rapaz!
É esta a minha cumplicidade
são horas, instantes, minutos,
passa que passarei onde sei viver
menino ensina-me a dançar
que o futuro traz saudade
vivo a vida como sempre,
quero mais sem ter menos
Poeta dos Tempos Modernos