A noite

A noite pergunta-me, 
Quantas noites mais precisarei para ser feliz?
Eu não sei ao certo, 
Se é certo que de algo sei. 
Já nada sei. 
Futilidade a minha.
Vazia como um tudo. 
Preenchida com um nada que a pouco e pouco
Como gotas caindo sobre o telhado
vai destruindo o meu mundo.
Que de mundo já pouco tem. 
A noite preenche a opacidade
que vive na minha mente
tão ocupada numa sobriedade
da qual já sou dependente
Mas procuro algo, 
ardente, 
talvez uma batida de um coração presente
alguém, 
ou talvez algo, 
não sei, 
que me faça seguir em frente. 
Tudo está tão diferente, 
O vento flui, perde-se constantemente
A chuva cai, molha-me 
e corroí-me arduamente
Tudo mudou, 
De um dia para o outro já nada sou
Se é que fui, se é que de mim algo restou
A noite pergunta-me para onde vou
Mas eu não sei. 
Apenas caminho por caminhar
Como se houvesse algo, 
algures a me esperar.
Como se estivesse alguém
do outro lado do luar
a perguntar
quanto tempo falta para me encontrar.
Creio que o tempo é pouco
Nada me resta, 
Um pingo de lágrimas que já nem capazes são de sair
Um pouco de dor que já nem consigo sentir
Um pouco de coração que já nem consegue reagir
Tudo tão frio,
Como um glaciar congelado
Como a minha vida, 
Virada ao contrário. 
E a noite pergunta-me, 
Quanto tempo tens para ser feliz?
Não sei. 
Talvez já o fui e nem senti.

 

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Comentários

Parabens ! Linda escrita

soltando-se livre a cada noite

Abraço

FC

Você escreveu EU? Sou assim, talvez, sei mas não sei... Se fui feliz passo e não percebi, desisti!

Parabéns! Lindo o poema!!

Abraços!