O CIPRESTE QUE SE ERGUE NO PÁTIO
Autor: Rogélia Proença on Sunday, 23 March 2014
O cipreste que se ergue no pátio
Na calma neblina da manhã
Dita em arrogância e coragem
A vida que lhe sobra por entre
A seiva, a corrente e a vagem
Iniciáticas todas as imagens
Destes elementos imutáveis de real
Nós é que sobramos da paisagem
E nos esfumamos breves no coral
Na praia, na planície e no areal
Ficam os nossos objectos, os resquícios
Reais de nós, como rastos de lava
Pedaços de vida, rastos de caracol
E a carne quente e astral do que somos
Derrete, apodrece e arrefece, que cruel!
De tudo, quando o Tempo passa
E finge, em nós destruir o que se foi,
Sobra uma dúvida de ilusão tão baça
Que semeia, espaçada em paisagens
De desgraça, tudo o que nos sobra e nos dói!
Rogélia Maria Proença
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