O poeta e o atleta
O poeta e o atleta
Passou um poeta por aqui e não vi
passou um atleta e aplaudi.
Passou como pomba sem pombal
com se fosse uma nuvem de cristal.
Não tinha aparência de um poeta
mas que aparência deve ter este ente
que mormente se abandona a pensar
que morno é ao acalentar corações?
Que marcas deixa um poeta quando passa?
Que olhos preciso pra ver sua graça?
Que desgosto tenho em não sentir
este vento amigo a me agredir.
Que jeito tem este atleta das letras
sem passadas ou braçadas a desenvolver
que tudo abraca a instar?
Não consigo impor regras
nesta intenção de ver poeta.
Poeta não se vê com o ligeiro intelecto
somente pelo coração que é mais lerdo.
Ter olhos para ver um poeta que passa
tem que ter poeta dentro devasso
quem observa fosco atleta
que só tem letras pra o pódio visar.
Ele se enquadra no retinto sonhar
e finge ver aquilo que imagina
um poeta parado esquino
desfigurando a paisagem distinta
pra que eu possa poder aplaudir.