O vento e a porta

O vento e a porta

A noite dorme num travesseiro de carvão
O vento rugia atrás da escura porta
Que morta está e não abre mais
Sem alento não mais se escuta o vento.
A porta sempre se abria
Ao menor ruído do vento
Agora a porta se fecha
Ao menor sinal de presença
De uma brisa lenta.
Portas se abrem e se fecham
Todos passam sem discrição
Perdoando os descuidados
Pobres executados pela solidão.
Nada melhor que uma porta aberta
Nada pior que uma porta arrombada
Nenhum arrependimento ou lágrima derramada
Sem perfume o passado se foi...
E o vento, pobre leão, perdido na noite
Que dorme num travesseiro de carvão.

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