os fundamentos da alma
destapo o roteiro dos abusos, abro os cortinados existenciais com
a força obstinada dum energúmeno que sabe apreciar o lado ínvio
das paisagens; infiltro-me nos aquedutos da comunicação para
que o mundo se emocione com as minhas evidências, reconto os
desenganos sequentes aos sorrisos prestimosos e sinceros, desfaço
os nós anquilosantes com uma lógica arrevesada no entrosamento
das ideias com os factos experimentais; concebo uma evolução sem
as farpelas roídas dos arlequins nem os prejuízos dos usurários ou
os caricatos desempenhos dos idealistas, exulto com as estapadas
que me transportam a um cemitério onde redijo epigramas que
instalo na convergência das minhas mágoas; fabrico um remédio
que soergue o meu firmamento privado, defeco sobre a relapsa
estrutura, inscrevo os meus problemas na equação dos «porquês»;
arrenego aqueles que organizam convénios em que a temática
consigna impropérios obsequiosos, estilhaço a proveta onde jazem
os democratas que agrilhoam a morte à veia dos infratores e à
daqueles que atravessam fracassos prematuros; entendo os que
se deixam seduzir pelos faróis da malvadez, os que se integram
na formatura dos costumes e os que se atascam em lugares
onde a fraude faz vibrar pianos transparentes.