Para onde vou

Para onde vou ...

Peguei nos chinelos , os velhos ...

Levei o boné , levo sempre o boné.

Caminhei a passos largos ,

com pressa de chegar , quero sempre chegar.

Senti o cheiro , juro que senti o cheiro.

Senti ainda o teu beijo , aquele nosso beijo.

Um arrepio , o leve arrepio que tão bem conheces .

E ... o adeus , aquele adeus ... até um dia .

A lágrima voltou a visitar-me.

Recorda-me agora o caminho a seguir .

Os passos são agora mais lentos , mas firmes ,

Porque sei para onde quero ir ...

 

Cheguei ao barco.

Entrei balançando o peso de tanta recordação.

Segurei nos remos ,

Já sabia para onde ir .

Bastava estar distante de tudo.

Senti de novo o cheiro , juro que senti .Continuei a remar , muito devagar.

Talvez sem pressa de lá chegar .

O vento sopra suave.

O sol esconde-se nos braços do mar .

A lágrima persiste em ficar .

E no meio do mar comecei a chorar .

 

Longe está a ave que quer voar.

Perto está a dor de quem sabe amar .

Balouça o barco , sopra o vento.

E o tempo passa sem vontade de regressar .

Vai ligeiro o barco , leva contigo o meu sonho.

Um dia vou regressar e em vez do adeus , vou ouvir :

« Foi tão bom ver-te chegar » .

 

Com amor , Mena Carvalho

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