Paredão

Lembranças de quando as paredes
das ruas eram a liberdade
que eu tinha, paredes de girassóis,
enriquecidos como o sol amarelado
nos antigos dias de verão.
Nostalgia familiar vieste debulhar
meu espírito, trazendo os grãos de
amargor; semeando a inação.
meu passado me condena!
Pois sem ele a vida não se move.
Estou trancada nas celas do paralisar:
O ruído das pessoas ensurdece a
sonoridade dos bem-te-vis
das gotículas de água na folha
e faz sangrar minha conexão
com o mundo.
Queria poder enxurdar meu amor
com a multidão, mas sou apedeuta.
Mormente quente no interior, mas
congelado pelo meu mitigado
violoncelo, que de suas cordas
foram fincadas na garganta do medo.
Tempo? Infindável passagem que
Distrai a minha carne.
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