Pondero, logo quero

 

A ponderação que subsiste em mim

Nos devaneios concretos da escrita,

É uma maternidade que, assim,

Vem herdar vida apenas de visita.

 

Há loucura em vir e há loucura em ir

No movimento perpétuo do sonho,

Que em segundos bastou ter e sentir

Este intrincado jogo que componho.

 

Comparo-me com falha ao infinito,

Que nem atinge ele os meus calcanhares,

Neste meu desporto assaz favorito

De me ir dando ao papel por entre pares.

 

Embalo-me qual menino no colo

Da madre escrita que tenho sentida,

Até que me aceite, findo, o solo

Onde meus passos ousaram ser vida.

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