Procurando-me
Procuro-me e não me encontro
Por íngremes veredas e estonteantes alamedas
Cruzo o sombrio bater da alma humana
Encontro penumbras que de vida fervilham,
Agrestes ondulações transbordam o oceano
Um agre sabor pincela o meu corpo
Que paira na longínqua estrada
Que por entre os meus dedos escorre
Vida esta estranha e solitária
Que percorre todo o meu ser
E me encontra num pensamento fugaz e etéreo
Que levemente sobrevoa o imenso céu
Que adorna o meu sonho
Imaculado, perdidamente imaculado
Que o universo em dor teima
Não encontrar para jamais perder,
E as saudades que teimam em não partir
Transbordam suavemente no sono profundo
Da minha alma nesta sublime e fugaz imagem
Que não me deixa partir
E me abraça no seu olhar de fúnebre morte por viver
No olhar de cada humano, espelho o meu,
E continuo nesta imensa estrada
Que percorro solenemente
Eternamente procurando-me
E nunca me encontrando.