Pudesse eu Sonhar...
Fora deste quarto, a madrugada espalha-se suavemente...
há gotas de orvalho na relva, em que, nas últimas horas
dança um luar de prata em esplendor silencioso
derramando livremente a sua luz.
Fora daqui, e lentamente,
sobe o sol radiante, muito além do meu alcance,
e com a sua luz dourada cobre os meus
sonhos de desvanecimento.
E preenche, e ilumina cada uma das gotas cristalinas de orvalho
que caem incontáveis em cada madrugada,
dispersas, como jóias preciosas.
Pedaços simbólicos de promessas breves
e vãs...
Mas por ora apenas a lua me acompanha
dançando ao sabor duma canção
escrita não sei quando
e há muito esquecida.
Assombrosa melodia que ecoa tão profundamente
dentro dos meus ossos
e ressoa na minha alma...
notas que se entrelaçam, docemente dolorosas
em cada batida do meu coração
sempre inquieto.
E dança sempre, no fluxo e refluxo das marés
e no próprio núcleo de mim
florindo como cada lua cheia
batendo, como cada onda bate
tão longe daqui
em margens que só elas conhecem...
até que um novo sol
as desvaneça novamente
interrompendo a dança cósmica,
rasgando o mapa em que encontrei
o meu caminho para casa
e forçando-me conscientemente
a responder a esta
chamada interna
e a ser surpreendida
pelo despertar...