Quem me dera ser poeta.
De tanto poeta ser, já nem felicidade consigo ter.
Quem diria que ser poeta me tiraria o viver? Quem diria..
Eu sou poeta, triste e solitário
Que trás no peito o agasalho
Para não congelar os olhos de quem me olha
Poderia dizer que havia sido poeta,
Mas poeta eu nunca fui.
Escrevi versos loucos de tristeza
Que ainda hoje na mente flui.
Se eu pudesse, eu vivia
Uma vida se não a minha
Mas se não posso, advinha
Minha profissão, poeta louco que escrevia poemas de chorar
Eu fui aquele poeta que nunca se fez poeta
Eu fui triste e tão sozinho, que virei mendigo
Mendigando amor e carinho
Eu fui um sem abrigo, sempre tão fora da minha mente
deixei o meu coração ao frio hoje a alma está dormente
já percorri mais do que vales
fui poeta, disso me vale
mil palavras e corri mundo mas nunca fui feliz.
nem por um segundo.
Então de que me adianta ser poeta?
Se nem poeta me posso dizer
Já fui poeta e chorei, por não sabia o que fazer
Já fui poeta e não encontrei,
Nas letras um modo de morrer
Sem que a saudade doesse
Ou aos meus fizesse doer
Porque tudo o que eu escrevi
De nada me convém
São apenas lágrimas e desgostos
Escritas em folhas de papel
Se fui poeta, mestre?
Eu não o fui.
Mas tentei ser.
Mas as palavras nunca disseram o que eu tinha por dizer.
Então eu tentei ser,
Tudo menos poeta
Mas no final do dia,
Era apenas mais uma peça incompleta
Esse vazio que em mim vive
Ele do poeta nasceu
Sempre tentei descrever o mundo
Mas o mundo descreveu-me melhor do que eu
Ah, quem me dera ser poeta.
Acredita mestre eu tentei,
Mas se um dia te perguntares se fui poeta
Tu inventa, diz que me ausentei
Ah, quem me dera ser como tu
Poeta louco mas convicto
Eu sou louco mas perdido
Eu sou poeta mas esquecido
Quem diria que ser poeta daria nisto?
Um monte de pedaços partidos
Um coração aos bocados
Uma vida sem sentido
Ah mestre, como eu te compreendi
Mal eu te vi, nos poemas li
Que seria como tu, mas eu falhei
De tanto querer ser como tu
Eu já nem sei no que me tornei
Ser tu eu não posso ser, nem mais quero
Eu quero ser poeta, mas até hoje eu espero
Entretanto poeta não sou.
Aguarda mestre.
Eu sou uma criança
Já tão infeliz só da lembrança
Da infância que não teve
E numa instância
Eu tentei ser feliz, maldita insegurança
Levou a felicidade, levou-me a esperança
Hoje sou poeta infeliz com poupança
De memórias que tenho e vou tendo
Em momentos de fome vou comendo
Torturando a alma, bem eu sabendo
Que jamais poderei voltar a esse momento
em que era feliz só por sentir o vento.
Ah... quem me dera ser poeta.
Comentários
mars
3ª, 09/12/2014 - 14:31
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Muito bom !
Muito bom !