Recado em prosa

No prolongamento do julgamento social perdemos a capacidade de falar para dentro. Treinam-nos, ao longo da vida para um papel. Vamos criando paredes limite de decisão, construídas com blocos de regras e condições impostas naturalmente, como se do outro lado fosse fora de jogo.

Inconscientemente limitamos as nossas capacidades, semivivemos, porque o objeto final é amadurecer estereotipados, conforme o sitio onde vivemos e nos relacionamos.

O sucesso pretendido e a aceitação dos outros limitam-nos nas nossas decisões, quando vezes pensamos: - Se não fosse por... Eu faria.... ou o que não diria.

Mais grave ainda é  a capacidade aguçada que desenvolvemos na critica fácil com quem arrisca ser ligeiramente diferente, porque aos mais afoitos condenamos logo sem direito a recurso.

Perdemo-nos, enquanto homens e mulheres com vontade própria, no bem parecer  e vamos perdendo a capacidade de ousar, pisar o risco. Em cada incursão diminuta no desconhecido espaço da ousadia chocalhos ferozes nos lembram que vamos fora dos carris.

De certeza que teremos um funeral com muita gente, mas duvido que o balanço final seja positivo quanto à felicidade vivida.

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