REENCONTROS E MEDITAÇÃO

REENCONTROS E MEDITAÇÃO

“POEMAS DE PALAVRAS RASGADAS”

"Poemas de palavras rasgadas! Escrever um livro é um parto, lê-lo é vivê-lo e, com isso, envelhecemos a palavra e envelhecemos nas palavras; morremos aos poucos nos livros, mas assim nos perpetuamos literariamente. As palavras rasgam o silêncio e transformam-se, espraiam-se nos sentimentos em ondas de prazer castos e puros decantam-se na maresia do sonho….. no sonho do poeta.

Amar só é sublime se o for num poema, porque o é para sempre, e não se perde nos beijos por dar quando do sonho se acorda".

Sonhos dimensão do meu universo
tão próximo, tão perto e tão distante
palavras de amor ligados ao verso
dois corpos uma aventura errante.

Suados na sua divina pausa
amamos, sôfregos de beijos
em toques de fogo, gestos e desejos
de amores sem justa causa!

"Só o termo à vida se pode comparar ao fim trágico de um amor ao ponto da “ausência significar morte em tudo o que nos rodeia”. Amor não se implora, não se pede não se espera, fervilham os sentimentos e a angústia tolda a mente num laço apertado em imagens de desassossego. É nessa pulsão de morte que o poema nasce e transforma-se, colorindo essa angústia, renovando-a na palavra, exorcizando fantasmas que nos habitam a alma."

Nas horas de sofrimento, eu vou-te amar!
Abafarei a tristeza na chama do meu lume,
alimentarei a vida e nunca te vou deixar
porque nada nos separa! Tudo nos une.

Que cada dia nosso, seja uma vida
e nela se viva com sabedoria e calma...
Hoje aqui, somos uma só fase de corpo,
amanhã, seremos o universo de alma!

"É na poesia que a humanidade se encontra. Percorrê-la exige amanhecer a cada noite, até as rugas se tornarem vida. Tudo o que amamos profundamente, converte-se em parte de nós mesmos. Essa continuidade é dada pelo amor que escrevemos, e por aquele, que em dobro recebemos, quando as nossas palavras são lidas."

Percorro cada noite, até as rugas se tornarem vida
como sulcos penetrantes, marcados por sombra escura
Rasgam-se as estrelas, rasgam-se as palavras,
em letras de luz a sombra urra, abre-se o dia.
Selo as memorias, que no tempo perdura,
vazio, que o homem de valores se repudia.

Ferrado na pele, roído e flagelado no sentimento,
perdido na dormência de tanto me encontrar perdido,
desfaço o cansaço, que bloqueia o pensamento.
Na alucinante viagem do verso, num movimento sentido
quero que o poema fique em vácuo eterno, solto, disperso,
que leve amor à dor, que seja o último suspiro do universo.

João Murty

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Comentários

João Murti... Realmente escrever um livro é um parto... Lê-lo é abraçar o bebê, é vida formada por nós!

Abraços e beijo grande!