rio de sangue

Rio de sangue

 

Não me colocaram em nenhum   de seus planos

Vontade de destruir casa de vidro e de barro  A sua casa já desmoronou no meio da sala?

Você já tentou varrer a areia de água negra? Vontade de destruir casa de tijolo, que me foi negada  Já ficou no escuro ouvindo o canto da cigarra?

Esse rio Tinto, tal qual o Nilo quando foi tingido

Esse vermelho era feito de bala

Esse rio caldoso lento, derramando sangue para destruir sonhos    Já perdeu a hora quando o tempo para?

Já gritou uma palavra até perder a fala?  Mora mais de cinquenta anos perto deste rio

Não posso fazer e refazer casas de tijolos

Me sinto inquilino em terra estranha 

Deslocado perco a hora quando o tempo para 

Sobre a terra há de viver sempre o mais forte 

Já colocou todas as roupas do armário na mala?

Sentimento voraz como onça acuada 

Já dormiu sem ninguém num canto de rodoviária?

Já dormiu com alguém por migalha?

Me disseram que do outro lado do mundo tem uma praia grande 

Mais meu corpo já se modulou com a terra negra 

Água negra , há de viver sempre o mais forte.

 

(Péricles melo)

 

 

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