UMA FLOR

UMA FLOR

Virei costas e fui ver o mundo,

Fechei os olhos para não voltar.

Fechei a porta, com ar taciturno,

E vagueei por campos sem ar.

 

Quis esquecer, sem recordar,

Numa cega vontade de dor,

Num amanhecer de cinza sem cor,

Com a esperança de não voltar.

 

Assim, livremente, lá fui eu...

 

Inventei novos caminhos,…

Caminhei de pés descalços,…

Mil espinhos arrasei,

Em caules de rosas que pisei.

 

Nas tristes noites que chorei,

Naquele quente frio que abracei,

Fui sultão falso pedagogo,

E vão arrasto em lúgubre lodo.

 

Fizeste-me feliz,.. mas ao acordar,

Traçavas no negro do teu olhar,

O sol do caminho que segui,

E a amargura daquilo que perdi.

 

Então, resolvi voltar e renascer.

Sem tempo, para tardias horas,

Nem doutos conselhos ou demoras,

Que assim, destroçado, ia morrer.

 

Acordei, vagabundo e sem amor,

Num mundo só e pura dor,

Recordei triste e abandonado

O triste só que me havia tornado.

 

E assim abracei de novo a flor,

Abençoando tudo o que fiz,

Sem vergonha ou remorsos do amor,

E vou, de novo, tentar se feliz.

                                                                                                                                          (Orlando Martins)

                                

 

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