PEREGRINO

PEREGRINO

Sou um peregrino do tempo,
de alma corroída e sem saber fixar-me,
deambulo, numa saga buscando a verdade,
procuro no passado e no sentimento,
a eloquente razão para encontrar-me,
apagando a sombra, que me invade.

Como um samaritano percorro,
lentamente a estrada da expiação,
apenas um nada, preenche o vazio
espaço que no pensamento, escorro,
dissecado no processo de reflexão,
esconjurado do seu homizio.

Uma sombra amargurada,
no divino caminho da verdade.
uma mentira branca, sem sorte,
pérfida, escondida, dissimulada
um frémito, vibrante de ansiedade,
viaja na consciência, até á morte.

Não tenho origem, nem mundo,
esvazio as mágoas no fim de cada dia,
expio o fogo do passado que me aperta,
peregrino do tempo e na dor que me afundo,
minha alma hilota castrada, é água fria,
que apaga a chama e me liberta.

João Murty

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Comentários

Profundo! Muito lindo e sentimental também! Amei!

Eu te abraço e te acho!

Beijos!

Por vezes as contigencias da vida, traz á colação, necessidade de reencontrer-nos. Caminhar entregue a nós mesmo, ajuda a reflexão.

Um  beijo,

João Murty

António Cardoso's picture

Um poema muito belo, amigo João Murty.

A verdade é que todos nós somos peregrinos. Nascemos e caminhamos, pelo caminho fazemos algumas recordações felizes e algumas feridas dolorosas nos pés, até que chegamos ao nosso fim...

Um abraço.