DUETO - REBELDE - João Murty / Joana Aguilar

DUETO: João Murty/Joana Aguilar

REBELDE

Não me castres as ilusões, deixa-me sonhar longe das amarras desse amor
Solto desse ensejo e ardor, que me marca e me amachuca em profundos traços
Deixa-me cantar ao vento, libertando em soluços esta minha dor
Até que o sol entre na minha alma e se funda no calor de outros braços.

Não me imponhas obrigações, deixa-me ser livre e amar como eu sei
De uma forma pura e selvagem, límpida e translúcida como a água
De um rio, que corre e desagua no amor desse oceano que já naveguei
De marés vivas, de ondas doces, sem o sal de lágrimas, sem o fel da mágoa.

Deixa-me voar no meu verso, sonhando nas letras dos poemas em que viajo
Em cada escala em cada passo, vejo-me enterrado no medo das tuas mágoas
Atira a angústia ao vazio do mar, e se a dor tiver cor, será de negro o seu trajo.

Como ondas rebeldes que se espraiam enroladas no seu movimento
O meu amor desaguou no teu martírio, solto à deriva, levado nas águas
Desse fingimento, feito de ardores onde se esconde o sentimento.

João Murty
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Meu amor, as tuas ilusões se perdem em mar ilimitado
Sonhos que esvoaçam, libertos na quimera que fulgia
Confusos, procuram água num rio que não havia
Da alma ansiosa, não fora corpo teu ainda habitado.

Mares e angústias são já amantes dissolvidos
Na massa aventurança do seu sangue e lamento
É o refluxo da constelação do sofrimento
Meridiano de longura, em negros trajos vestidos.

Voa no verso em louca espiral da desventura
Através das dobras da noite régia iniciada
Á luz do amor extinto, unem-se corpos em aventura.

Que as feridas fecham o tempo gasto em amores
E as palavras sentidas caem na noite apedrejada
Escondendo nos teus muros as minhas dores.

Joana Aguilar

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Comentários

Estes Duetos já estavam feitos à um bom tempo. Atualmente não tenho escrito nada, vou descansando que bem preciso.

Não obstante, resolvii dar uma passagem, para responder e agradecer os comentários dos amigos.

Um beijinho.

João Murty