DUETO - MENDIGO DA ALMA - João Murty/Fernanda Mesquita
DUETO: João Murty/Fernanda Mesquita
MENDIGO DA ALMA
Velho de olhar triste, pobre e vagabundo
Tens por companheira a miséria dominante
Viajante de alma e mendigo neste mundo
Que em delírio beijas o pó, murmurante.
Onde os dias e as noites passam sem ter pressa
Onde nada é diferente e tudo te parece igual
Até o dormir, no canto escuro de qualquer travessa
No chão de pedra, enganas o frio num leito de jornal.
Mora próximo a demência, que cultiva esse fadário
Nessa alma adormecida, em que a sorte é a morte
Que num ato de amor, termina esse Calvário.
Poemas escritos de luto, marcados por almas sem amor
Inspirados na desgraça, foram buscar a poesia ao teu sangue
De trajos negros te veneram, declamando um verso à tua dor.
João Murty
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De que me servem versos escritos à minha dor...
São um inferno na minha alma, murmúrios ofensivos
Que irrompem em mim a sensação de ser inferior
Neste mundo indiferente, pleno de silêncios corrosivos.
Como declarar independência de ideais tão pouco nobres
Que desprezam a verdade e a tornam escrava de uma moral,
Que envenenam o corpo da estrutura humana e tornam pobres
Os direitos do homem comum, tornando-o tão desigual.
O Homem fez do mundo uma caixa quadrada...
Mas não terá a Terra uma forma arredondada,
Sem cantos moldados por uma apatia que o empobreceu?
O murmúrio sonso desses cânticos falsos são
Para amestrar o Homem-simples numa falsa ilusão
E assim pague, obediente, para viver na terra onde nasceu!
Fernanda R. Mesquita
Comentários
Madalena
4ª, 07/01/2015 - 23:35
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Cada nobres em seu quadrado,
Cada nobres em seu quadrado, os pobres arrebentados, arremessados no chão!
Ah! Quem dera que o mundo inteiro movesse, de compaixão e aliviasse a dor deste coração.
Mas Jesus disse: Os pobres sempre tereis convosco e Eu nem sempre me tereis!