Vaga, no Azul Amplo Solta
Autor: Fernando Pessoa on Saturday, 10 November 2012
Vaga, no azul amplo solta,
Vai uma nuvem errando.
O meu passado não volta.
Não é o que estou chorando.
O que choro é diferente.
Entra mais na alma da alma.
Mas como, no céu sem gente,
A nuvem flutua calma.
E isto lembra uma tristeza
E a lembrança é que entristece,
Dou à saudade a riqueza
De emoção que a hora tece.
Mas, em verdade, o que chora
Na minha amarga ansiedade
Mais alto que a nuvem mora,
Está para além da saudade.
Não sei o que é nem consinto
À alma que o saiba bem.
Visto da dor com que minto
Dor que a minha alma tem.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
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Comentários
Sam i see
Sáb, 02/01/2016 - 17:05
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Fazia tempo
Que eu lia e não entendia,lendo agora compreendi a questão do fingir que não é.
Madalena
Dom, 03/01/2016 - 02:09
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É! precisa interpletação
É! precisa interpletação mesmo! Lindo!
Abraços poéticos!