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Banho de Rio

Banho de Rio

 

Água da chuva intensa molha a pele e os pensamentos. Banhos de chuva torrenciais lavam o corpo e inundam a alma. Toxinas do corpo vão-se, misturam-se junto ao suor que a água da chuva leva ao chão. O espírito resfria-se do calor natural do corpo, e por assim dizer, acalma-se confortavelmente. Como num banho de rio, num dia frio.

 

Charles Silva

Abandono I

Sou o abandono, ode antiga
Sons que devoraram o meu lugar
Luzes que abarcaram uma cantiga
Porto naufragado sem ter mar.

Perdi o sorriso solto ao vento
Silêncio da voz que não chorei
Perdido no chão do meu tormento
Roda de emoção na qual me dei.

Voraz instante de abandono
Tua voz relembra o meu lamento
Leio-me em dúvidas que entono
Descanso no vão do pensamento.

Pequenas e grandiosas

Pequenas e grandiosas

 

Almas que cabem em espaços pequenos, mas por serem grandiosas, não cabem no mundo. São pessoas, são sonhos, são dias e horas de estradas e solidão em meio a multidão dispersa. Multidão que não vê, que não sente a grandiosa alma pequena que não cabe no mundo. Talvez o mundo seja muito pequeno para grandiosas almas que cabem em espaços pequenos.

 

Charles Silva

Céus em lágrimas

De mancinho em sussurros vieram aquelas nuvens do nunca mais,
As colinas delicadas não eram elas as mesmas,
Pareceu-me triste
Tal qual quem aceita a dor de ser algo que passa e não volta.

Aproximou-se descalço os dengosos mansos torvelinhos
O firmamento estava ferido por dentro,
As estradas belas com lama cor de brasa na cintura curva
De meu cós rés sentindo sendo a visão infinita mais que vida.

Sempre Viva

O relógio da torre continua seu trabalho,
sempre preciso e alheio ao que se passa.
Pois no tempo não há uma fenda, um talho,
e sempre é preciso ser alheio ao que se passa.
 
como a flor, rósea e seca, que deixaram na sua porta.
sempre-viva, arrancada com força, por um que passa.
que mal sabe da verdade: a sempre-viva, está sempre morta.
para sempre perdida... pela dor da pétala que se amassa.
 
arranco-lhe as pétalas perguntando se me amas ou não,

Momento de glória

Anseias pelo momento

Aspiras e respiras a vitória

Sabes que é agora ao sabor do vento

O teu momento de glória

 

Apenas mais um esforço

Obrigas o teu cansado corpo

Bebes àgua como reforço

Desesperas pelo abrigo do porto

 

A emoção cresce a cada minuto

Os olhos concentram-se em ti

Era um sonho ainda em bruto

De venceres por fim aqui

 

A linha branca marca a glória

Já no fundo ela se avista

Será teu este momento de glória

Apenas mais uns metros de pista

 

Dignidade

Dignidade

 

A dignidade é a última coisa que se pode perder. Sem ela, nem o sexo, nem a paixão, nem mesmo o amor resistem. Sexo sem dignidade é estupro. Paixão sem dignidade é submissão. Amor sem dignidade é solidão a dois.

 

Charles Silva

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