Foi naquela uma hora de dia qualquer
Que a poesia foi incapaz de perdoar tal palavra.
Seus soluços voavam como pluma
Enquanto a pele chorava triste,
Sem coragem
Como mar em ressaca nas areias nubladas...
Deveria ousar o sofrido
Deveria assoprar mais o fino gemido,
Mas poemas assim gritam em fúria tanta,
Com ódio e assassinos...
Ouviu-se o lamento tangível da frase,
Outra prece veio
De nada adiantou.
Liberdade
Não espero o juízo final nem carrego diploma de bem comportado. Preocupa-me só o que eu ainda não fiz, o que já fiz ficou pra história, ou virou lenda. Certas coisas não se repetem, já outras, toda semana. Mas nada há de atenuante, nem há o que mereça atenção diária. A liberdade requer disciplina e vigilância constante, é uma das coisas mais fáceis de se perder, quem a tem, valoriza e cuida. Quem não a tem, sinto muito.
Charles Silva
RAPTO
Ele enfim ele chegou,
mas por hora ficara de quarentena,
enquanto isso foi montado
o grande circo midiático,
Navego no meu eu e encontro a vagabundagem dos meus pensamentos solitários.
Quando a imaginação e o encontro da fertilidade dos meus pensamentos ancoram no meu porto, vem na embarcação do meu eu todo o Amor que possuo.
Ah, se eu pudesse descrever
Um Milhão de Palavras
Use um milhão de palavras, explique-se, mas não detenha-se
Por certo que há palavras suficientes em um milhão de palavras
Porém, não podem explicar a existência, nem o amor
Charles Silva
Compondo a Paisagem
Há um lugar onde a tarde te espera
As águas claras e mornas acalmam e umedece tua alma
Ali todos os pássaros cantam a mesma canção, mudam apenas de tom
Sempre há barcos ancorados, como itens na paisagem do quadro pintado
É lá onde a calma e a paz de espírito são unas, espreguiçam na areia
Coqueiros veem para perto oferecendo suas sombras frescas
Não é necessário pensar, meditar é o que se pode fazer ali
Neste lugar não há avenidas, estradas, asfalto, concreto ou carros
