Geral

Navegar é preciso

Navegar é preciso dizia o poeta luzitano, concordo, pois meu barco quer zarpar
Ao navegar é preciso seguir as correntes, muita atenção a direção dos ventos
Como navegante atrevido que sou, recolho minhas âncoras e deixo o cáis
Tempestades sei que viram, recolho as velas, aciono motores, sigo a bússola
Quantos mares singrarei em busca de mim, atravesso oceanos intermináveis
Golfinhos a direita, baleias no horizonte, cardumes seguem minha rota
Uma vez em alto mar, todo cuidado, pois, navegar é preciso, dizia o poeta luzitano.

Charles Silva

Paixão literal

Paixão literal

Amante das palavras e da linguística
Sou amigo dos verbos, namoro as vogais
Adoro a perfeição das consoantes
Deliro com as conjunções e locuções verbais
Advérbios são minha companhia predileta
Pretéritos, gosto de abusar deles diariamente
Vou do perfeito ao imperfeito, escolhendo sujeitos
Substantivos me são atraentes, mas prefiro objetos
Diretos e indiretos, também convivo com adjetivos
Amo a língua portuguesa, e ela sabe disso

Charles Silva

Sinto muito, mas tenho pressa

Sinto muito, mas tenho pressa

Sinto muito, mas tenho pressa, não vou esperar construírem-se castelos de areia a beira mar, eu não preciso deles. Certamente o mar os derrubará. Sinto muito, mas tenho pressa. Meus lençóis não gostam de visitas. Eles têm pressa. Já avisei a minha porta, se alguém ela deixar entrar, será para não ter mais nenhuma pressa.

Charles Silva

 

SINA

Já vaguei por ínvios vales,
Como um doudo passarinho,
A fugir de tantos males,
Sempre em busca de meu ninho!

Respirei mais de mil ares
E habitei as ventanias...
Não pilhei os patamares
Que sonhei viver meus dias.

Meu Deus! triste e solitário
Embucei-me em tanto engano,
Só encontrei rente ao calvário
A paixão de um soberano.

Já segui turbas bacantes
E sorri com os mendaces,
E por infindos instantes
Vi a dor correr nas faces.

O MAR ME CHAMA

Eu vou-me embora! Agora o mar me chama.
Não chores Marina, amorosa dama,
Preciso muito as ondas enfrentar.
Ouço da Iara o canto feiticeiro,
Não me iludas c`o pranto derradeiro,
Não vai adiantar.

O mar me chama, escuto o seu gemido...
Mesmo que eu seja um homem dividido,
Minha áurea sina tenho que seguir;
Este desejo é uma brilhante estrela,
Que me conduz à condição tão bela...
No horizonte sumir.

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