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Ainda sobre o amor

Ainda sobre o amor

O amor é esteio, enfrenta a tempestade
mas tem lágrimas valente
convive entre a mesquinhez
desenfreada do mundo
sai ileso, perfeito

Mas a vida é como
cobertores perdidos
com o gozo enrustido
em tempos de frieza humana
sem o perfume do amor

O amor faz presença dos pés à cabeça
mesmo com a timidez operante
labaredas em baixa, diminuto fogo

Inverno

Cama fria, entre cobertores
apenas enfeitam o meu quarto
só mesmo o verão da sua pele
podem de amor agasalhar
e a solidão emudecer
mas é na noite também, que me mandas frequência do teu corpo
a interagir com minhas preces

E essa ausência intensa a me saudar
sei, o inverno é passageiro, mas com este descontentamento
pode acabar por inteiro
com o meu mundo particular

Espiritual

Na proximidade do bem
quem o deseja
se serve de prato raso
a comida e abundante
a humildade também

Ainda é cedo para o amadurecimento?
Manga verde não é doce
mas, com um pouco de sal
vai bem

A vida é um livro
cada dia um capítulo novo
chegou a hora de uma nova
publicação
ou um reality show ao vivo

A disseminação merece atenção
imagine o tempo ruim
como furacão, logo passa
se prenda à salvação!

Espírito de porco

Meio nado antes de se afogar
mas para quem quer viver
pela última balsa
aprenda a Viana valsar
qual é a cor da tua imagem?
Camaleão ao massacre!

Que não disfarça o seu punhal
faz selvageria em contra ataque
a minha religião continua
a prova dê saque
mas tu, presta atenção
e caridade

Do pó veio o homem
E do carma, o selvagem?
Não consigo entender esse amor
ou pensamentos retráteis
e cores fracas em tatuagens

Lembranças do Ferrorama

O tempo colapsou de diversas maneiras:
eu não tive "Ferrorama" na infância
mas percebi que estava entrando na fase das maiores responsabilidades
que não havia mais tempo para brincadeiras
a viagem da vida às vezes é pelos trilhos
outras vezes por estradas áridas e dramas
vou ser ilógico
num espaço de tempo
meteórico
vou trazer instantaneamente quase todas as
ruas asfaltadas de minha infância
prefiro salvar a história até quando o juízo permitir ou pelas
cartas do fantasma do passado

O bem e o mal

Mancomunado e à espreita
todo mal a pulsar
quem se revira na rede são os peixes vivos
já os mortos não podem se revirar

os poderosos têm patrocínio de ricos
já o pedinte se virá como dá
mais o próprio Jesus disse:
ao próprio Judas:
os pobres, sempre terás!

Esse sem juízo diz ser poeta
que em sua mente sã, só a guerra faz pensar
escreve com pena de leve a sentença
de toda dor que atormenta a paz
que demora e custa chegar

Nenhum pasto aqui

Eu poli minha mente
com espetaculares pensamentos
eu descobri pelo megafone a voz que acariciava a minha alegria
eu proclamei a cada ser humano
sua anistia predileta
eu implorei a Deus, multiplicar mais cores no arco-íris que desejo
pedi ao vidraceiro o espelho que ainda não me vejo
não me canso de ir à feira procurar a fruta, com o gosto do teu beijo
eu contei aos meus prediletos amores, poucos segredos
a perversidade é colírio nos teus olhos
quando o amor tem prazo de validade
a verdade é jogo de tabuleiro

Foi o frio

Foi o frio que escorregou
para dar passagem ao teu corpo febril
foi uma história bem contada
de tempos atrás
foi o amor de janeiro a dezembro
colorindo o livro de todos amores
foi dor e aprisionamento
não autorizado que perdeu sua força
amor em quantidade verdadeira
para sempre, amém !
Foi o vinho inebriante na taça de Baco que deu força
e coragem explícita
para o delicado e o selvagem amor
foi uníssono e sonoro o meu grito e a intenção severa
de te amar para sempre

Estrela da manhã

Sinta-se como uma flor afeiçoada
Pela raridade de sua existência
A delicadeza de poemas cintilantes
Que os li no silêncio sem fim.

Sinta-se como uma cura provável
A tristeza rara dentro de mim
Tainá, você é elixir de vida
Minha dor daninha, perto do fim.

Alfabetos que desconheço
Mundo, em diminuto pertenço
Mas, na beleza das letras
Do teu mundo feliz, careço.

Tens o mundo a ouvir ti
Felicitas também o meu silêncio
Tainá, estrela da manhã
Que ilumina minhas noites.

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