o poeta baliza os desacertos quando aperfeiçoa as suas intuições com a lucidez imprescindível aos conselhos da razão; e remove os obstáculos que se insinuam nas reminiscências que expande através dos seus queixumes.
Da minha janela
eu só vejo miseria
em minha volta
o que vejo é revolta
No coração dos homens não há
mais sentimentos nem alegrias
pois foram perdidas
por ilusões da vida
A morte alcança o homem
que muitas vezes não teve sorte
da minha janela
eu só vejo miseria, tragédias
em minha volta o que vejo
é a morte,
de muitos homens que lutaram
sem sorte .
IGUAIS (eu e meu coração)
Falamos a mesma lingua
entre ventos e ruinas
comemos do mesmo pão
entre festas e solidão
Vestimos o mesmo pensamento
De dor,lamento
lutamos pela mesma causa
a paz que a inveja disfarça
Nossa briga é sem faca
é com os corações
para que mudem
acordem
Para que toda HUMANIDADE
faça ,pratique
o bem sem maldade.
inscrevo os meus relatos num calabouço onde assinalo as palestras mundanas corrigindo-as no átrio da minha lucidez para que as suas solenidades balofas sejam refreadas pela douta razão.
a minha aprendizagem compôs-se duma tormentosa desrazão que espevitou o vento gélido da minha mocidade com lengalengas que retumbaram numa crosta duradoura.
quando as palavras trauteiam cantigas supérfluas há alvoroços que as fazem saltaricar sobre os charcos da inocência; mas há também uma aprendizagem que as faz percorrer os famigerados caminhos da literatura.
acrescento um império à minha reputação através das minudências que expulsam as minhas angústias: são horas fecundas em que eu lego ao mundo as iguarias do meu isolamento; são tarefas conspícuas que dilatam a extravagância das minhas atuações.
inscrevo na memória as palavras mudadas em versos na crosta duma evolução que perscruta a formosura: é a criatividade que vai demolindo os obstáculos que me atordoam; é o raciocínio que vai circunscrevendo a praça das minhas emoções.