falsos amplexos
Autor: António Tê Santos on Wednesday, 4 December 2024deposito as reflexões na poesia para expor os meus ideais; para denunciar as guerrilhas humanas e estender o tapete a uma austera liberdade; para abolir as minhas desgraças.
deposito as reflexões na poesia para expor os meus ideais; para denunciar as guerrilhas humanas e estender o tapete a uma austera liberdade; para abolir as minhas desgraças.
enalteço a poesia que se introduz na alma para nos libertar da tristeza e da revolta; que organiza os fardos da nossa lembrança e compõe os relatos da nossa solidão; que vocifera contra os emplastros que nos amofinam.
podem estoirar as divergências mundanas que eu libertarei do meu refúgio os versos que invento para acelerar o crescimento espiritual; para robustecer as utopias em busca duma apoteótica e vigorosa comunicação.
a paixão que concentro quando escrevo uma sonata literária... quando aprecio os meus poemas à luz duma renovação interior... à luz da síntese fulgente da minha criatividade... da minha insólita existência...
o roseiral que plantei em mim tem o perfume dos versos que canto para nobilitar as minhas atitudes; para expandir o júbilo proveniente da depuração das minhas mágoas; para debater a sociedade que me circunda.
os meus versos contêm os rudimentos das minhas meditações: são páginas fulgurantes que intento redigir para galgar as barreiras das minhas equimoses; são desejos que animo para erguer uma obra literária.
trago na ideia os resquícios das minhas angústias quando interfiro no mundo com a minha fraseologia poética; quando me interponho entre a grandiloquência dos seus líderes e as suas farsas persistentes; quando destapo as suas aleivosas intenções.
os amplexos que nos envolvem originam o culto da falsidade nos desconsolados horizontes que percorremos: intervêm nos nossos comportamentos para envenenarem as suas efusões; vagueiam pelos famigerados terrenos da malvadez para distorcerem os nossos intentos salubres.
bani a azáfama diária através da terminologia graciosa que inventei; através das regras benignas da minha existência vigente; através da brisa mística que adotei para me redimir dos erros mundanos.
sofreio a alma para não derramar tristeza na gente que me rodeia; para recrudescer a busca daquilo que me encanta; para revigorar a ascese que atravessa o meu destino; para oferecer o meu lazer à sublime poesia.