atravesso o mar das paixões para estacar junto dos meus sentimentos transviados na selva urbana; junto dos obstáculos que assolam a minha afirmação; junto dos meus ideais falidos.
os vocábulos que eu colijo superam todos os obstáculos para poisarem no meu regaço; para manterem a dignidade que existe na minha razão; para me salpicarem com o júbilo que alicerça a minha poesia.
os fardos que eu transferi para o núcleo dos meus conflitos incluíam os préstimos da falsidade; incluíam as serpentes oriundas das festas rudes onde participei; incluíam as dádivas agoirentas da minha involução.
faço de conta que não vi as discórdias dos homens nos esconsos lugares que cursei para poder silenciar a tristeza; para que o júbilo imponha o seu arcaboiço sobre os poemas argutos que forjei; para que eu logre refletir sobre tantas amizades frustradas.
a alegria vibra no meu peito após circunscrever os meus genuínos sentimentos; após banir os meus momentos dolorosos; após transplantar para o cerne da agudeza as minhas densas investigações.
estou no centro do oásis que inventei para catapultar os meus versos até às basilares meditações; até aos vereditos que acolhem os meus protestos urgentes; até aos fundamentos lúdicos da minha complexa renovação.
eu terei de ser um poeta tranquilo para reformular a história dos homens e das suas intrincadas desavenças; para verter um néctar profuso sobre as minhas digressões mundanas; para redigir missivas que apaziguem o meu sofrimento.
quero prosseguir como uma avioneta desarranjada pelas severas experiências de voo; como um alimento destinado à subsistência diária; como um saltarico que ornamenta a paisagem com um desdobrar de reflexões.
não sigo o exemplo daqueles que transmitem aos outros as suas dolorosas crispações; que pronunciam discursos que atestam a sua resolução em ferir suscetibilidades; que detêm uma contundência que recrudesce a cada pernicioso sobressalto.
os homens pretendem compreender o sôfrego destino que rodeia as suas vidas laboriosas: a razão invade-os quando as analisam no cimo duma montanha escarpada; onde também recordam a energia maligna que os fez ascender.