a flor austera
Autor: António Tê Santos on Tuesday, 27 March 2018os regatos da solidão têm o espinhoso encargo de retinir um esmerado idealismo que fragmente a brutalidade abrangente.
os regatos da solidão têm o espinhoso encargo de retinir um esmerado idealismo que fragmente a brutalidade abrangente.
a infância encharca a minha vida com letreiros duradoiros: o seu recheio é sublinhado pelas repetidas inalações enquanto o seu trajeto se dissolve na incisividade dos alvoroços que a odoram.
a felicidade sobressai quando conduzo a minha existência até onde explodem os ditames ou até onde eles se conluiam num retardado alvor que estilhaça as minhas agruras em partículas vãs.
as palavras fluidas da clarividência transportam virtudes que atafulham os discursos da razão: são palavras que eu protejo da indignidade quando atualizo os meus comentários na guarita das desilusões.
“ Os traços perderam-se no caminho
posto que no começo era forte o tom
ao final, via-se apenas o pergaminho
e foi apagando também a saudade
antes raridade, brilhante
agora apenas um eco distante
seus aços mataram tudo
os passos o seguiram
até o horizonte desaparecer
o seu cheiro foi sumindo,
quase sem querer
morreu dia após dia, sentimento e paixão
“ Os traços perderam-se no caminho
posto que no começo era forte o tom
ao final, via-se apenas o pergaminho
e foi apagando também a saudade
antes raridade, brilhante
agora apenas um eco distante
seus aços mataram tudo
as maravilhas que vou deduzindo são versões dum fraseado que aprofunda a austeridade quando a poesia reflete sobre os enredos duma festa pagã onde as suas narrações embalsamam o sofrimento.
Maria Carmo Autora deste video com as suas orações