Meditação

TELHADOS ALGÉBRICOS

quando a desventura é grudada aos taipais da inconsciência.

 

a saudade une-se à pobreza para trinar cantigas exaradas pela dor.

 

há homens que se ausentam para lugares onde a paisagem é incompreendida.

 

quando as fragilidades possuem as compressas que o tempo emoldurou.

 

existem aspas que se esgueiram pelas ruas que a saudade projetou.

O TIMBRE PARDACENTO

procuro nas transfusões a lira que estrutura os meus anseios.

 

as irrisões e os tumultos que se criaram dos artifícios gerais ao real entendimento.

 

por onde circula a derivação majestática do abraço, algures perdida na longa caminhada?

 

recordo a mágoa de andar descalço por bermas privativas.

 

arquivei os meus deslumbramentos na ideia de me compreender.

 

 

REGATOS SINUOSOS

os teoremas têm o benigno objetivo de solucionar corrosivas desventuras.

 

invento palavras intrépidas contra o desconsolo da indiferença.

 

capturei as nódoas do sustento e o aparato habilidoso da representação.

 

os lampejos fátuos dos homens que revivificam a nostalgia.

 

emerge um corpo desnudado sobre as ondas fictícias que o pensamento elaborou.

 

 

os fundamentos da alma

há trombas d´água investindo nas tubagens adjacentes aos caminhos abandonados onde as palavras resultam dum ócio glorificado quando as pautas chilram cantigas e o vento as leva para as serranias da agudeza.

 

há discórdia sobre todos os pontos duma matéria bolorenta que cruza os semáforos da cidade para se afundar no rio da comiseração quando a imperícia se desvia para reflexões que traumatizam os que procuram resistir aos tormentos.

 

O VOO CREPUSCULAR

reduzo o balanço a imperiosos deveres e transversais leviandades.

 

transfiro-me para o lugar onde a fraude tem pruridos solidários.

 

a monotonia desloca o seu areal para a fronteira da imaginação.

 

estoirei o mural da apatia ao continuar por roteiros insalubres.

 

as palavras transitam para a razão que as estrutura em convicções.

ORDENAÇÕES POÉTICAS

as atoardas infiltram-se nos dizeres que brotam das leituras quotidianas.

 

a grosseria dos homens que se atolam nos seus próprios excrementos.

 

enxergo dentro dos copos toda a indigência do viver humano.

 

existem guerrilheiros contrafeitos reunidos a projetos fantasistas.

 

há um fervor na linguagem quando embebo referências corrosivas.

 

 

A TOADA MARGINAL

o pudor regateia nos antípodas duma vida tumultuosa.

 

o rescaldo duma era em que a sageza procura o átrio desprovido da lisura.

 

o hermético porvir exige o entroncamento das ideias numa consciência descritiva.

 

o autêntico bem-estar está no topo duma escadaria imaginária.

 

o exame impõe-se aos trinados da poesia caldeando a sua cozedura sublimada.

UM TRAJETO PENETRANTE

o poeta embarra na parede submersa da contrariedade e da desconsolação.

 

as gaivotas da liberdade perfuram a cerca dos costumes bradando mágoas incandescentes.

 

as palavras avultam no meio dos passageiros do barco grande que desmantela a tempestade.

 

há vocábulos que extirpam os estertores dirigindo-se ao tablado da originalidade.

 

o rol de acusações que se apuram em querelas escavas intentando expulsar a sensaboria.

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