Meditação

TELHADOS ALGÉBRICOS

reinvento as gravuras genuínas que ilustram os adágios tradicionais.

 

transferi o desafeto para poemas que transpuseram as ranhuras do saber.

 

encontrei os fundamentos das combustões que lavram pelos itinerários da humanidade.

 

o homem resumiu deus a um mero produtor de afagos mundanos.

 

morei dentro de cantigas que difundiam gemidos existenciais.

A BANDEJA LACRIMAL

o balcão manchado por aqueles que flutuam à volta do redondel existencial.

 

a razão busca o lugar severo donde possa afugentar os inimigos.

 

o aniquilamento da fé nos patamares álgidos onde se consolida a individualidade.

 

a hipocrisia é a maneira vulgaríssima de transverter a realidade.

 

quando a urdidura convoca as querelas e as dispõe sobre uma bandeja lacrimal.

 

 

 

CÂNTICOS D'ALMA

A DICÇÃO INDISCRETA

a dicção áspera do estrangeiro que comanda as nossas tropas.

 

A HUMANA  PLASTICINA

tantas pátrias humilhadas pelos fantoches que caminham sobre as brasas da embriaguês.

 

A PROVISÃO EMOCIONAL

arremeto contra os fundamentos cabotinos desdobrando o espiráculo da imaginação.

 

A SÍNTESE DA SAPIÊNCIA

está em tudo o que os bramidos transportam ao raiar dum dia macilento.

 

A SINGULARIDADE  REPRIMIDA

Disseram-me que o Tempo Não Pára.

Disseram-me que o tempo não pára.
Então eu quis confirmar:
Viajo em mim, agora
E descobro que a verdade d'outrora
Definhou
Até se apagar!

Desconfiada
abracei esse tempo
que parece se esgueirar
foge-me entre os dedos
por mais que o queira apanhar.

É como o jogo da apanhada
com a criançada a correr.
Ele foge e nós perdemos
até à hora de morrer...

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